Produto da memória e da curiosidade de uma aplicada comandante de cozinha e escritora de talento notório, este breve tratado sobre a mesa do sertão nordestino, de leitura digestiva, como convém ao tema, resgata - em texto singelo, mas de bíblica solenidade, tão despido de adjetivos que é - um ermo ignoto do caráter nacional. Tudo nele é, ao mesmo tempo, duro e exato, comezinho e encantado da revelação insignificante apenas na aparência de que a serviçal mulata Nise não suportava negros nem pobres à descrção dos reflexos de aço da água espalhada nos pratos e doendo nos olhos. Nas entrelinhas da slembranças e das receitas da grande romancista se entranha uma lição de vida fundamental o mistério do encanto da esqualidez é a denúncia do excesso de supérfluo que muito vivente arrasta sem precisão. Orelha por José Nêumanne