Misto de reportagem, crônica, biografia e crítica literária, Viagem ao redor da garrafa: Um ensaio sobre escritores e a bebida destrincha a relação – física, química, psicológica e social – entre a humanidade e o álcool por meio das conturbadas trajetórias de gênios das letras norte-americanas: F. Scott Fitzgerald, Ernest Hemingway, Tennessee Williams, John Berryman, John Cheever e Raymond Carver. A britânica Olivia Laing se lança em uma jornada pelos Estados Unidos e por suas próprias memórias familiares para buscar uma conexão entre alcoolismo, comportamento autodestrutivo e criatividade. O título une-se aos recém-lançados A Comuna de Paris e Cubiculados no Anfiteatro, o selo de debates e ideias da Rocco. Nascida em um lar governado pela bebida, Laing quer entender as causas e os efeitos do alcoolismo – ou, mais especificamente, por que os escritores bebem e que consequências esse hábito tem sobre o corpo da literatura. E as experiências desses seis autores parecem se complementar e se refletir umas às outras, interlaçadas por mães autoritárias e pais fracos, inadequação, conflitos de sexualidade, tendências suicidas e mortes prematuras. Ainda assim, não obstante a tragédia que parece dar o tom a suas vidas, eles foram responsáveis por alguns dos mais belos textos de todos os tempos. “Muitos são os livros e artigos que se regozijam ao descrever quão grotesco e vergonhoso pode ser o comportamento dos escritores alcoólatras. Não foi essa a minha intenção. Meu objetivo era descobrir como cada um desses homens – e, no caminho, alguns dos muitos outros que sofreram da doença – vivenciou seu vício e refletiu sobre ele. Quando muito, trata-se de minha fé na literatura e em sua capacidade de mapear as regiões mais difíceis da experiência e do comportamento humano”, afirma a autora. A única maneira de tentar compreender os alcoólatras seria, então, pela investigação do que foi registrado em seus livros, cartas e diários. Acompanhada das grandes obras de cada um deles, Laing inicia sua viagem no lugar que Cheever escolheu para viver, escrever e beber – a mesma Manhattan que viu Williams morrer sufocado com a tampa de um frasco de colírio. Faz uma parada em Baltimore, onde Fitzgerald lutou contra a insônia enquanto tentava pôr um ponto final em Suave é a noite, e parte rumo ao sul, passando por Nova Orleans e pela Key West de Hemingway. Via St. Paul, cenário da malograda recuperação de Barryman, segue então para noroeste, chegando aos rios de Port Angeles, cidad